Friday 1 April 2011

Simples dia...




Queria eu…
ser a água que te mata a sede…
o mar calmo nas tuas tempestades, a brisa que sopra no calor desértico…
o Sol que beija, que te beija a face… enfeitada por uns olhos de menino…
que te compõe o rosto terno e cálido num sorriso morno de lábios carnudos que chegam a ser fantasia.
Queria ser as mãos…
que te acolhem, num leito feito dossel…
onde pintas de mil cores, o pano cru … no repousar do excesso do dia…
ser rastilho de pólvora doce… que te desperta os sentidos, que te exalta a carne…
o perfume que te envolve… e então amar-te-ia,
amar-te-ia por entre o lilás do Sol poente e o júbilo da alvorada do dia…
Queria eu ser…
as pancadas de Molière, dentro da tua poesia…
ser poema e cantar-te no doirado da seara… ser tua seara ao Sol, qual espiga erguida… que colhes em ti… eu queria…
ser pão, ser o mel, a seiva que te inebria…
especiaria que te incendeia as entranhas… ser a Paz das tuas guerras…
ser tua, eu queria…
nem que fosse na quimera dum simples dia…


Sil, Janeiro de 2010