Tuesday 7 September 2010

Chegaste...



Assim como quem vem perdido, ofuscado por uma Luz que não sabias como seguir…
Cegava-te os olhos, essa Luz…baralhava-te os sentidos, secavam-se na garganta as palavras… como num grito mudo e repetido… não eram lamento, mas sim e apenas …um… eu quero sair daqui vivo!

Chegaste…
Assim como quem vem… de frio tolhido, um frio que não te gela as mãos… um frio… qual aguarela desbotada, cinzento de tempestade… que te corre no rio da alma, e espelha uma paisagem…quase lunar e assim de Lua despida.

Chegaste…
Assim… como quem chega, de batalhas mil… herói vencido, e depuseste as armas… abandonas-te o teu eu… nas trincheiras da derrota, ficando por lá, esquecido…
Chegaste… no breu da noite, trazendo… e apesar de tudo, trazendo música nos olhos… bandeira desfraldada ao vento, hino que entoava em tuas mãos… versos de cor… versos dum poema, que clama por libertação...

E acolhi-te, em meu regaço… e recebi-te em mim. Inundei-te da minha Luz e, guiei-te… soltei-te as palavras mudas, e as tuas mãos falaram…deite do meu calor e, aqueci-te… entreguei-te a minha Paz e, com isso, resgatei… o herói, que por trazer música no olhar… jamais se dá por vencido.

E a paisagem permaneceu lunar… sim, mas esta Lua pintava-se agora dum doirado que tudo iluminava e cada estrela no esplendor da sua cor… pintava a pastel o horizonte da Vida…

Sílvia 12/01/2010

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