Sunday 6 March 2011

A conta-gotas




Já alguma vez te sentiste, como se o teu coração estivesse a ser alimentado a conta- gotas?
E os teus movimentos, mais não fossem que, o lento cair das folhas numa qualquer tarde de Outono?
E cada suspiro, sustentado pelo vapor duma locomotiva que teima em descarrilar...?

A céu aberto abro as narinas, nada entra, nada sai, de ar nada... agonizo, sufoco!

E as gotas vão caindo
caindo vão entrando
e circulam
circulam nestas veias ressequidas.

Ressequidas estas veias
teias de aranha
cordas
amarras dilaceradas de canoa
canoa naufragada no levante da maré...

Ao longe a madeira, desgastada pela corrente bóia à tona do movimentos das folhas, castanhas de Outono, frias de entardecer...
Abro os braços e num trago encho os suspiros de ar, enrosco-me ao sabor da corrente... deixo-me embalar pelo mar.

Sil 26/01/2011

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